Tenho certeza que vocês já viram e usaram os três emoji dos macaquinhos, que têm seus olhos, ouvidos e bocas cobertos. Mas você já se perguntou de onde eles vêm e o que significam? A origem destes três amiguinhos é um pouco obscura.
Eles são de origem Japonesa, retratados nas paredes de um templo Shintoísta, mas também têm raízes Budistas e até mesmo Hindus.
Em nossa cultura Ocidental, eles em geral têm uma conotação negativa, quando descrevem alguém que ignoraria as infrações, enquanto que o seu sentido original é que é sábio “não ver maldade, falar maldade e ouvir a maldade” (Aliás, algumas vezes existe um quarto macaquinho com suas mãos cruzadas retratando o “não fazer maldade”.)
A porção desta semana é chamada Shoftim, que quer dizer “Juízes”, e na Torá lemos sobre os detalhes de como o sistema jurídico deve ser executado. Rav Berg ensinava frequentemente, sobre essa porção, que existem portões que uma alma atravessa ao sair deste mundo.
Em cada um, há um guarda, que deixa a alma entrar, ou não.
Estes portões também correspondem aos portões que temos em nosso próprio ser – nossos olhos, bocas, narizes, etc. – as aberturas pelas quais percebemos nossa realidade.
Você já percebeu que, quando você não gosta de alguém por qualquer razão, parece que tudo o que eles fazem, mesmo que seja totalmente benigno, é errado? É bem provável que todos já passamos por isto. A razão é que na verdade, não sentimos a realidade como ela é. Nossos olhos vêem ou nossos ouvidos ouvem, mas tudo é filtrado pela nossa mente.
No caso de uma pessoa de quem não gosta, você a vê através de uma lente interna que torna tudo o que fazem desagradável.
Nenhum de nós é verdadeiramente imparcial. De alguma maneira, nossa percepção é adulterada. Nossa maneira de ver o mundo é formada por inúmeras coisas – o entorno em que crescemos, sociedade, religião, cultura, sistemas de crenças, etc.
No entanto, é dito na Bíblia que, quando deixamos este mundo, não seremos somente julgados por nossas ações, mas por nossos sentimentos, e por como percebemos a realidade. Então, o que devemos fazer?
Ser consciente espiritualmente é viver com a noção do que deixamos entrar e do que deixamos sair de nossos olhos, ouvidos e bocas.
Somos dotados com o poder de escolher ver o que está certo nos outros, ao invés do que está errado com eles. Podemos estar conscientes da oportunidade de dizer uma palavra gentil sobre alguém e nos refrear ao ouvir fofocas.
Mesmo que seja uma pessoa com a qual não temos sintonia alguma, podemos encontrar pelo menos uma coisa boa e fazer desta o nosso foco, percebendo que nós criamos uma bênção para nós mesmos, por meio deste esforço.
Estar consciente dos seus próprios portões não quer dizer que você se coloca no caminho de pessoas nocivas ou desiste de seu bom senso e bom julgamento. Mas de fato, significa que você deve pensar no que irá dizer antes de dizer, ou dar um passo para atrás e considerar outro ponto de vista antes de reagir.
É tão rápido e fácil abordar uma pessoa, medi-la e, em um instante, nos comparar com ela ou encontrar falhas (embora isto geralmente tenha mais a ver com nossa insegurança, do que com qualquer outra coisa).
Ver com o que chamamos em Hebraico de “ayin tov” (um olho bom) quer dizer perceber as coisas com gentileza, lembrar que existe uma centelha Divina em todos nós, filhos de Deus. Parece um esforço pequeno, inconsequente até, mas quando enxergamos a Luz nos outros, nossa própria luz brilha mais intensamente no mundo.