À medida que nos aproximamos de Simchá Torah, chegamos ao final de um processo bonito e mais do que inspirador. Cada passo foi magistralmente projetado e preparado para nós para que pudéssemos nos aproximar ainda mais de nosso eu verdadeiro e encontrar nosso caminho de volta para o Criador.

Fomos abençoados por sermos visitados por enormes energias que são as Emanações da Luz pelos 21 últimos dias, e fizemos um esforço imenso para alcançar, ao mesmo tempo, sabedoria e conexão com tudo que nos foi dado pelo reino cósmico. Agora, antes que as janelas se fechem, temos um momento para olhar para trás e escolher o caminho que desejamos trilhar, conforme os vereditos são selados.

E não há instrumento melhor para nos ajudar neste trabalho que o Zohar.

Como nos diz o Zohar, na porção de Pinchas, começando com o verso 27:

Rav Chiya disse a Rav Elazar: “Eu gostaria de discutir estes dias de Rosh Hashaná até o último dia Sukot”. Rav Elazar disse: “A ordem destes dias é o segredo da sabedoria… No dia de Shmini Atzeret, que é Simchá Torah, tem lugar a junção do corpo, isto é, a Coluna Central, chamada “corpo”. É a união de todas as partes, pois inclui a junção do Lado Esquerdo, de Rosh Hashaná e Yom Kipur, assim como a união do Lado Direito – a abertura cósmica de Sukot, uma vez que a Coluna Central incorpora a Direita e a Esquerda. Portanto, tudo é um, é a perfeição completa.

Este dia, Simchá Torah, é certamente o dia do povo, pois sua porção pertence somente a ele, e nenhum outro povo participa dessa porção. Feliz é a nação. Sobre ela, está escrito: “Porque vocês são o povo sagrado para Deus” (Deuteronômio, 14:2)

O que podemos entender a partir disso?

Sabemos que, do ponto de vista kabalístico, nem a Luz nem o Recipiente foram feitos ou escolhidos por nós: A Luz e tudo que ela emana (a Coluna da Direita e nossa alma) sempre foi, é, e sempre será; o Recipiente (a Coluna da Esquerda, nosso universo, nossos corpos e todas as suas detalhadas partes) é um produto da Criação. A Coluna Central, por outro lado, é o resultado das nossas escolhas.

Criamos o filamento por meio do nosso livre arbítrio, para restringir nossos desejos egoístas e nos tornarmos mais semelhantes à nossa Fonte, e, desta maneira, nos tornamos a causa da Luz nas nossas próprias vidas e para este mundo.

Com esta perspectiva, podemos nos abrir para entender por completo onde colocar nossa consciência, ao chegarmos a Simchá Torah.

Falando de Rosh Hashaná e Yom Kipur, que são parte dos dez dias de julgamento, há um material infinito para estudar, informação para aprender, passos preparados para nós utilizarmos enquanto purificamos a Coluna da Esquerda. Em Sukot, junto com os quatro dias seguintes, temos onze dias nos ocupando de uma maneira determinada para trazer misericórdia a este mundo – a Coluna da Direita. O último passo deste trabalho é aquele que de fato ativa tudo o que foi feito antes.  Simchá Torah é o passo que acende a Luz.

Rav Berg sempre comentava sobre o quão pouco se escreveu sobre a Terceira Refeição da conexão do Shabat.

Ele discutia sobre como poucos lugares ainda se dedicam a essa conexão  simples, de cantar uma música, Kidush, e a partilha do pão. E, no entanto, sabemos que a Terceira Refeição é a mais poderosa de todas, já que reúne a totalidade da energia do Shabat, no ponto culminante do dia. Assim também acontece com Simchá Torah. Se você pesquisar sobre esta abertura cósmica, há visivelmente pouco para estudar.

Há provavelmente pouco a fazer.

Tudo o que nos é pedido é que escolhamos, de acordo com nosso livre arbítrio, aceitar o caminho espiritual de um lugar de certeza e alegria, de um lugar de completude e não de falta, do amor e não da necessidade. Com toda a nossa alegria, toda a força que ainda pudermos reunir, aceitemos a Torah e dancemos, ativando toda a Luz que trouxemos ao estado potencial até agora.

A partir do Zohar, podemos compreender que todas as outras conexões que antecedem Simchá Torah trazem à tona uma infraestrutura cósmica e aparato que foi construído para nós e para o nosso bem, mas Simchá Torah é a maior dádiva que Deus concedeu: o livre arbítrio de sermos nosso próprio criador. É como se Deus dissesse: “Agora que eu coloquei todas as peças  perfeitamente no lugar, eu deixo a escolha para vocês.” Será com a nossa escolha, com a nossa consciência e nossas ações em Simchá Torah, que aceitaremos o trabalho espiritual e acenderemos a Luz. Isso explica a mensagem do Zohar: “Esta porção pertence a eles”.

De Rosh Hashaná até Sukot, fizemos tudo que pudemos para nos purificar, para receber a afeição do nosso Amado, para sermos merecedores de receber o Amor de Deus. Em Simchá Torah, é a nossa vez, como humanidade, de expressar nosso amor a Deus aceitando a Torah – a dádiva de Sua afeição.

Como o Zohar conclui de forma tão linda nesta seção: “Feliz é a nação. Sobre ela está escrito: “Porque vocês são um povo sagrado para Deus” (Deuteronômio, 14:2)”