Estamos atualmente na abertura cósmica conhecida como Sukot, e nesta época específica do ano é mais importante do que em qualquer outra época para todos nós tentarmos nos afastar um pouco de nós mesmos. Agora é a hora de permitir aos outros um pouco de compreensão: é hora de aprender a respirar, em vez de gritar; é hora de dar às pessoas o benefício da dúvida e, em vez de julgar, talvez dizer: “Sabe, pode ser que…”
Através da suká, somos banhados nessa gentileza e misericórdia, e há uma Energia presente agora conosco que pode nos levar a um lugar onde podemos ser uma força de misericórdia e gentileza para os outros. Eu quero contar uma pequena história para ilustrar esse ponto.
“As coisas que podemos fazer, mas estamos ocupados demais para fazer, são muito mais importantes do que as coisas que podemos aprender.”
Era uma vez um grande sábio que passava a maior parte do tempo aprendendo, estudando e meditando. Ele era um homem espiritual poderoso e, depois de um tempo, as pessoas da cidade ficaram sabendo sobre ele e começaram a visitá-lo para fazer perguntas, receber bênçãos, estar perto dele.
Primeiro vieram três pessoas, depois dez, depois 30, 50, 100 pessoas. Em pouco tempo, elas estavam chegando à porta do sábio em massa. Até o ponto em ele foi tão inundado por visitantes e suas demandas que ficou totalmente exasperado.
Ele disse: “Deus, não tenho tempo para mim. Não tenho mais tempo nenhum. Não posso mais aprender. Não posso mais me comunicar com você como eu fazia antes. Por favor, me dê um pouco de espaço”.
Quando uma pessoa justa pergunta, o Céu se abre e responde. Lentamente, a multidão começou a se afastar, e não havia mais filas, não havia mais pessoas perguntando, questionando, pedindo. O sábio se sentiu muito bem porque agora estava de volta ao lugar onde estava antes. Finalmente, ele tinha de novo tempo para estudar todas as coisas que ele precisava saber para aprender a se tornar um com o Criador.
Então chegou Sukot.
Havia um costume na cidade de que, quando as pessoas vinham visitar durante Sukot e não tinham onde ficar, elas ficavam na parede de trás da sinagoga e, quando as pessoas saíam da conexão, convidavam esses visitantes a se juntar a elas para jantar, como uma expressão de gentileza. Cada morador da cidade levava talvez uma ou duas pessoas para casa para se juntar a elas na refeição festiva.
Animado com a perspectiva de compartilhar durante esse momento poderoso, esse homem justo, belo e puro caminhou para o fundo da sala. Mas, para sua grande decepção, ninguém foi para casa com ele. Todos disseram: “Muito obrigado”, mas receberam convites para ir a outros lugares.
Frustrado e triste, o sábio caminhou para sua casa e para sua própria suká.
Há uma cerimônia que fazemos todas as noites durante Sukot chamada “ushpizin” ( em aramaico significa “convidado”), na qual pedimos que cada um dos Patriarcas se junte a nós em nossa suká.
Na primeira noite convidamos Avraham, a qualidade de Chesed (Misericórdia). Quando o sábio chamou Avraham, seu convidado supremo, ele notou e sentiu a energia de Avraham, mas o Patriarca permaneceu fora da suká e não entrou.
Confuso, o sábio caminhou até a porta e disse a Avraham: “O que eu fiz para você se recusar a entrar em minha casa?”.
E o grande Patriarca respondeu: “Você não fez nada. Eu simplesmente não posso entrar em um lugar em que não há misericórdia”.
Imediatamente, o sábio entendeu. Ele disse: “Sinto muito. Percebo agora que a energia de todo o meu aprendizado e minha meditação não se compara com aquela pequena alma que talvez eu pudesse ter ajudado, deixando minha porta aberta”.
A partir de então, o sábio mudou e se tornou uma pessoa diferente.
As coisas que podemos fazer, mas que às vezes estamos ocupados demais para fazer, são muito mais importantes do que as coisas que achamos que podemos aprender.