“As palavras do ano passado pertencem à linguagem do ano passado
E as palavras do próximo ano aguardam uma nova voz.
E para encerrar é preciso fazer um começo.”
 – T.S. Eliot

De acordo com o calendário kabalístico, esta é a semana em que começamos a Torah novamente desde o início. Com isso, somos calorosamente recebidos por uma onda de energia nova para renovação, rejuvenescimento e mudança.

E, ainda assim, em meio à novidade, lembremo-nos de que a natureza da Vida é conexão completa – como o símbolo do infinito ou um círculo. Em nossos corpos finitos, experimentamos bordas definidas, términos e novos começos, altos e baixos; mas a realidade é que tudo é um contínuo de energia. Como nos diz a terceira lei da termodinâmica, a energia não pode ser destruída, ela simplesmente muda de forma. O mundo e tudo nele podem ser totalmente diferentes hoje do que eram há vinte ou dez anos, ou de como serão daqui a vinte ou trinta anos, mas, mesmo assim, essa Força Vital singular ainda existe. Mesmo na morte, não há separação. A alma é eterna e imortal.

Costumo ouvir pessoas perguntarem: “Por que preciso mudar? Não posso fazer isso na próxima vida? Por que preciso pensar em cuidar, compartilhar ou contribuir para o todo agora?” E a resposta para isso, segundo os escritos kabalísticos, é que sim, você pode voltar novamente, mas é melhor não contar com isso, porque há a possibilidade de reencarnar em uma forma diferente – com pelos majestosos e quatro patas, talvez.

Não digo isso para desanimar, mas porque estamos virando uma página em nossas vidas, individual e coletivamente. Queremos escrever nosso novo capítulo de forma que ele seja diferente do último. Queremos aproveitar ao máximo o incrível ano à frente para avançar em nosso propósito neste mundo. E isso requer disposição para abraçar nossa evolução, descobrir como podemos estar mais alinhados com nosso Verdadeiro Eu e olhar para dentro, vendo o que podemos reorganizar daqui para frente.

É nossa dádiva, como seres humanos, decidir como nossa história será contada. Assim como uma árvore fica sem folhas no inverno e, na primavera, dá seus frutos, flores e folhas, assim também é a nossa vida, que passa em ciclos. Em cada um deles, somos trazidos a oportunidades de desenvolver nossa natureza espiritual, transformando o negativo em positivo, ajustando aqueles aspectos difíceis de nós mesmos em luz para o benefício de todos.

Especialmente nesses tempos, quando todos estão falando sobre mudanças no mundo. De  fato, nós (a humanidade) somos os únicos que têm a capacidade de fazer isso acontecer. Não precisamos mudar todos os maus hábitos de uma só vez. Eu sempre disse que a melhor maneira de fazer mudanças é uma por uma, pouco a pouco, experiência por experiência, com uma mente consciente e um coração desperto. Assim, podemos cuidar do jardim do nosso ser espiritual e florescer ainda mais, tornando-nos quem estamos destinados a ser.