Por Karen Berg


Você já notou como uma entrevista diz mais sobre a pessoa que faz as perguntas, do que sobre o entrevistado? Eu fui entrevistada por algumas revistas e noticiários recentemente. Sou sempre grata pela oportunidade de falar sobre as coisas próximas ao meu coração: Kabbalah, Espiritualidade Global, e sobre criar comunidades ao redor do mundo, por meio das quais os indivíduos podem, ao mesmo tempo, ser iluminados e elevar uns aos outros em amizade e união.

Mas o “viés” é encontrado mais frequentemente nas perguntas do que nas respostas. Por exemplo, alguém pergunta “Quem é você? Em que você acredita?”, e outro poderia perguntar “Quem você pensa que é? O que você sabe sobre isso?” As questões buscam as mesmas respostas, e mesmo assim uma é feita com curiosidade genuína e abertura para aprender, enquanto a outra é feita friamente e com caráter combativo.

Então… uma está certa e a outra errada?

Não necessariamente. De fato, uma dose saudável de ceticismo pode ser boa em certas situações. O que é fascinante para mim é como uma única visão preconcebida pode nos fechar em certas formas de pensar. Nossa capacidade de aprender é limitada somente por aquilo que nós pensamos já saber.

Esta tendência não é algo reservada aos jornalistas. É a natureza humana que pré-julga uma pessoa ou uma situação à primeira vista. Incrível, às vezes fazemos isto antes mesmo de estar frente a frente com elas. Pensamos: “Esta coisa é boa” e “Isso é ruim”. Pensamos que o que vemos é a verdade absoluta, mas não: o que enxergamos é resultado do que acreditamos ser verdade.

Isso me fez lembrar de uma famosa parábola, uma história de um estudante que encontra seu professor pela primeira vez. O professor lhe serve uma xícara de chá e, enquanto o serve, a xícara começa a transbordar. Apesar disso, o professor continua a servir. O estudante se surpreende, e com razão! Ele está imerso em chá e o professor continua a servir! “ O que está fazendo?!”, ele pergunta ao professor.

“Você é como esta xícara”, diz o sábio. “Eu não posso ensinar-lhe antes que você se esvazie de tudo o que pensa que já conhece”.

Na porção desta semana de Shlach Lecha, o Criador diz aos israelitas: “Vão para a terra de Israel. Será bom para vocês”. Mesmo assim, quando Moisés envia homens para espiar como a terra e, eles trazem a notícia de que é um lugar terrível. Há muitos comentários sobre esse assunto.

Alguns acreditam que os espiões mentiram, porque sabiam que ir para Israel significaria perder Moisés como líder, e estavam com medo. Outros acreditam que isso se originava do próprio ego. Em qualquer caso, o que eles enxergaram estava baseado em suas próprias crenças de medo. Eles acreditavam que ir para Israel seria sua ruína, e então quando eles visitaram a terra, tudo o que eles enxergaram era negativo.

Nós também somos assim. O que acreditamos ser negativo, enxergaremos e experimentaremos desta forma, com certeza. Ao passo que, quando sabemos que há a mão do Criador em tudo e reconhecemos a Luz que sustenta o interior das pessoas e das circunstâncias, conseguimos enxergar o que há de bom e, portanto, experimentamos o que há de bom.

Esvazie sua xícara. Esqueça o que você pensa saber.

Esteja aberto para ver as pessoas como você nunca as viu antes. Disponha-se a tentar novas coisas. Liberte-se das noções preconcebidas e entre em todas as situações sabendo que elas existem para que você atinja o seu melhor. Não precisamos ser jornalistas para nos beneficiar de desapegar das nossas tendências, nossos julgamentos e nossos preconceitos.

Esta é também uma semana poderosa para construir a nossa auto-estima. Lembre-se que o que os outros dizem ou acreditam sobre você diz muito mais sobre eles próprios que sobre você. E vice-versa! O que você acredita ser verdade sobre eles diz mais sobre você mesmo que sobre eles.

Quando sabemos que existe o bom em todas as coisas e em todas as pessoas, experimentamos sempre o melhor que a vida tem a oferecer.